O presente projecto quer dar a conhecer o Beco dos Contrabandistas, em Lisboa.
Revitalizar o bairro, resgatando a cultura do lugar, a memória e o modo de vida dos seus moradores.
Contribuir para promoção da preservação do património edificado e dos espaços públicos.
Combater a gentrificação do território.
A arte e a cultura serão os meios para operar as transformações no território.
O projecto será executado em duas fases, sendo que o objecto aprofundado deste estudo é a planificação do desenvolvimento e da produção da primeira fase.
A primeira fase corresponde à criação de uma galeria de arte urbana no Beco, a Galeria dos Contrabandistas, e a segunda fase ao desenvolvimento e implementação das Residências do Conhecimento e da Arte.
Com a finalidade de desenvolver e gerir todo o projecto será constituída uma associação sem fins lucrativos.
ESTUDOS DE CASO
O estudo preparatório realizado para o desenvolvimento da Galeria dos Contrabandistas levou à análise de dois casos que, embora muito distintos entre si, serviram de referência ao presente projecto.
Ambos os casos são ecomuseus, que utilizaram as artes como estratégia de musealização do território.
As intervenções não se cristalizaram em iniciativas únicas, mantendo-se ao longo do tempo.
MUSEU DE FAVELA (MUF)
O Museu de Favela insere-se no complexo do Cantagalo/Pavão-Pavãozinho.
A pobreza, o tráfico de droga e o crime extremamente violento a ele associado, criam uma imagem menos positiva da comunidade.
É da missão do Museu de Favela participar do processo de reconstrução histórica e de identidade desta comunidade, resultando desse processo uma valorização individual e colectiva, que combate a estigmatização e promove a inclusão social destas populações.
Com a diminuição do estigma nestas comunidades, acredita-se que o processo de criação de valores através da educação e da cultura possa gerar verdadeiras alternativas sociais e económicas, criando progressivamente um tecido social mais nivelado, mais homogéneo e justo.
IMPORTÂNCIA PARA O PROJECTO
O estudo de caso do Museu de Favela – MUF é particularmente interessante nas questões de estigmatização e identidade. O trabalho por ele desenvolvido não diz respeito apenas à forma como a sua comunidade se vê, mas também a forma como é vista por quem não lhe pertence. Dispõe também de uma intensa programação cultural, educativa e científica.
A solução encontrada para iniciar ambos os projectos, intervindo no espaço público valorizando-o através de arte urbana de forma a “iluminar” as ruas tornando-as visualmente menos violentas, foram soluções comuns.
MOLEDO ACONTECE
O projecto Moledo Acontece desenvolve-se em espaço rural, numa pequena aldeia da Região Oeste, Moledo, a pouco mais de 80 quilómetros de Lisboa.
Teve origem num projecto de arte, como forma de luta e de sobrevivência a uma descaracterização forçada, decorrente de uma suposta evolução urbana sem planeamento, dessa aldeia.
O projecto artístico desenvolvido em conjunto com o Departamento de Escultura da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, implementou um programa de residências artísticas para alunos do Mestrado de Escultura. O mote para esta residência seria a mais conhecida estória de amor da história de Portugal: a lenda de Pedro e Inês.
Desta primeira intervenção artística surgiria a Rota da Escultura do Moledo, um dos pontos turísticos de interesse da aldeia.
Seis anos passaram desde que os artistas chegaram e muito mudou na aldeia. Desde a paisagem à atitude e cuidado com o espaço público, até à partilha de conhecimento e ao desenvolvimento de projectos comunitários.
IMPORTÂNCIA PARA O PROJECTO
Compreensão da verdadeira importância das residências artísticas no território que está sob intervenção.
O projecto Moledo Acontece é demonstrativo de como se pode efectuar o processo de aproximação dos habitantes ao território, através da arte. Primeiro como fruidores e depois como produtores.
A pequena dimensão populacional, aliada a uma intensa e bem adaptada programação complementar ajuda a este processo, conseguindo ainda criar conhecimento e sensibilidade com o objecto artístico.
© Fernando Pina